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Segunda-feira, 12 de março de 2018

ARTIGO: Exportar inteligência

Cada vez mais, serviços altamente especializados de manejo ou gestão farão parte da paisagem produtiva do campo


 
   Por Coriolano Xavier, Vice-Presidente de Comunicação do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM.
 


   Quando o assunto é agricultura, sempre se fala de safras recordes, produtividade, inovações de manejo e ciência embarcada nos insumos. Mas, pouco se menciona o enorme trabalho em serviços especializados de apoio à produção, que hoje tem papel estratégico para a eficiência e a sustentabilidade da produção brasileira de alimentos. 

   O Sistema Campo Limpo de logística reversa, iniciativa de gestão ambiental do campo, é um bom exemplo. Recolhe embalagens vazias de produtos fitossanitários usados nas lavouras, de Norte a Sul no país, para dar a elas uma destinação adequada e evitar que prejudiquem o meio ambiente ou representem risco para as pessoas. 

   Os números colecionados pelo programa, coordenado pelo INPEV, são eloquentes: de 2002 até hoje deu destino correto para 450.000 toneladas de embalagens vazias, fechando 2017 com o recolhimento de 94% das embalagens primárias de defensivos usados pelo produtor. Um resultado único na agricultura mundial, comparado a outros países de agricultura evoluída: a França recolhe 77%, Alemanha 67%, Japão 50% e EUA 33%. 

   O Sistema Campo Limpo também representou, até 2017, um sequestro acumulado de quase 600.000 toneladas de CO2 equivalente, e a reciclagem dos materiais que recolhe gera artefatos com uma pegada de carbono três vezes menor, relativamente a produtos similares de primeira fabricação.

   Por operar com resultado em um país com 8,5 milhões de km² e 60 milhões de ha cultivados, casando entrega de produtos e retirada de embalagens vazias, torna-se uma reserva de conhecimento que pode ajudar iniciativas de logística reversa em outros setores da economia (dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos), ou até mesmo ser exportada.

   Outro bom exemplo é o Programa Aplique Bem, do Instituto Agronômico (IAC), em parceria com uma indústria agroquímica (Arysta), voltado a boas práticas de aplicação de agroquímicos. Depois de treinar mais de 59.000 pessoas no campo, aqui no Brasil, o serviço já foi importado por seis países de diferentes continentes, do México ao Vietnã, carimbando a excelência brasileira em tecnologias agrícolas para o mundo tropical. 
Mais um caso, para encerrar: Result, um serviço especializado para a gestão do controle de formigas cortadeiras em florestas plantadas, para a produção de papel e celulose. Saúvas adoram eucalipto, um ninho adulto delas consome uma tonelada de folhas/ano e seu controle chega a representar 60% dos custos fitossanitários de reflorestamentos. Um concreto apelo dentro e fora de nossas fronteiras. 

   Cada vez mais, serviços altamente especializados de manejo ou gestão farão parte da paisagem produtiva do campo, acelerando o uso de novas tecnologias.  Depois de grãos, carnes, sucos e café, talvez tenha chegado a hora de exportarmos inteligência através de agro serviços. E olha que já há startup brasileira (Systech Feeder) sendo cortejada na França, no projeto Fazenda do Futuro, por conta de inovação digital para monitorar a nutrição animal. 
 

 


Sobre o CCAS

   O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto. 
 
   O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.
 
   Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.
 
   A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. Mais informações no website: http://agriculturasustentavel.org.br/. Acompanhe também o CCAS no Facebook: http://www.facebook.com/agriculturasustentavel.

 

 

 

 

 

 

(Imagem ilustrativa - Foto/Sindicato Rural de Guarapuava/Arquivo)

 

 

 

 

 

 

 

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