Quinta-feira, 30 de março de 2017

Manejo preciso de nitrogênio

Felipe Weber Pozzan

Eng. Agronomo pela UPF, Especialista em nutrição de plantas

Mestrando em produção vegetal pela IFTM

Gerente de desenvolvimento de Mercado da Agrichem

 

 

Após a realização de diagnósticos, é necessária a prescrição e manejos de fertilizantes a fim de

fornecer os nutrientes de acordo com as demandas nutricionais e momentos os quais são determinantes para as culturas, desde a definição de potenciais produtivos até a produtividade final.

Considerando a necessidade de Nitrogênio (N), o qual pode ser considerado o nutriente de maior exigência pelas plantas e um dos que apresentam menor eficiência na adubação, a demanda é crescente até próximo ao enchimento de grãos para maioria das culturas. Para a cultura do milho, o acúmulo máximo se dá em estádio de R5 (figura 1), onde se torna duvidosa a capacidade atual de alcance das adubações nitrogendadas já aplicadas em semeadura e cobertura, havendo uma remobilização do nitrogênio armazenado em folhas e colmos, que com manejo insuficiente para altas produtividades, se torna precoce, levando a senescência das folhas do baixeiro, impedindo o pleno enchimento de grãos e acúmulo total de fitomassa. Neste sentido, o uso de fertilizantes de lenta liberação e o momento de aplicação tornam-se ferramentas importantes que contribuem para este suprimento.

Figura 1. Acúmulo de nitrogênio pela cultura do milho associado ao manejo de fertilizantes. (Pozzan, 2016 adaptado de Agrichem do Brasil, 2013)

 

O fato da complementação de nitrogênio e atendimento para maior disponibilidade do nutriente ao longo do ciclo, vem demonstrando capacidade de respostas pela cultura (Tabela 1).  

 

Tabela 1 – Produtividade (kg ha-1) em função da aplicação de diferentes fungicidas com ou sem a aplicação de N complementar com Nitamin® na cultura do milho. Guarapuava – PR. (Pacentchuk&Sandini, 2016).

Fungicida

N complementar (L ha-1)

Média

0

10

Controle

15.065cB

16.254 bA

15.659c

Fox

16.106 bNS

16.740 b

16.423 b

Orkestra

17.462 aB

18.978 aA

18.220 a

Média

16.211B

17.324 A

16.767

 

Já para a cultura da soja, embora sua exigência seja aproximadamente 3 vezes superior à da cultura do milho, sendo o acúmulo máximo de nitrogênio em estádio fenológico de R7 (figura 2), este suprimento acontece principalmente através da fixação biológica (FBN), sendo os inoculantes com bactérias selecionadas do gênero Bradyhrizobium uma das formas mais eficientes para o fornecimento de N. Entretanto, o lançamento de cultivares com potenciais elevados de produtividade e ciclos cada vez mais precoces,o avanço do plantio direto na Região do Cerrado e possíveis interferências junto a bactéria como estresses hídricos, amplitudes térmicas por falta de palhada aos solos, pH subotimo dos solos e contato com agentes biocidas (fungicidas, inseticidas e até herbicidas) podem estar provocando prejuízos à FBN.

Figura 2. Acúmulo de nitrogênio pela cultura da soja e a interação com o número de nódulos por planta nos estádios fenológicos. (Pozzan, 2016 adaptado de Agrichem do Brasil, 2014 e Câmara, 2014)

 

Dessa forma, considerando uma possível queda na fixação simbiótica de nitrogênio no início da fase reprodutiva, assim como frequentemente encontramos níveis inadequados do nutriente nos tecidos (folha) da cultura nesta fase, os agricultores que empregam alto índice tecnológico têm lançado mão da complementação com fertilizantes nitrogenados líquidos de lenta liberação. A título de exemplo, a Agrícola Zanella bateu o recorde de produtividade de soja do Mato Grosso na última safra, com 101 sc ha-1, tendo sido campeões de produtividade do desafio CESB no Centro-oeste. De acordo com Marcos Storch, responsável técnico da Agrícola Zanella, a produtividade média do grupo, que planta 20.000 hectares no estado, cresceu em média 10 sc ha-1 com o emprego dessa tecnologia. “Nitamin é um dos produtos que mais dá resultado em soja”, afirma Storch.

UNICENTRO, tem encontrado no Brasil respostas positivas ao manejo complementar de nitrogênio via foliar junto ao florescimento da cultura da soja, eo fornecimento de 3,3 Kg N ha-1 através de fertilizante de lenta liberação, que assim como os dados de 2016 (Figura 3), outros estudos desde 2008 somam 20 experimentos em soja com incremento médio de 287 kg ha-1. Para a cultura do milho, com 26 experimentos, os incrementos médios foram de 793 kg ha-1 , confirmando respostas viáveis em produtividade.

Figura 3. Produtividade (kg ha-1) em função da aplicação de doses crescentes de Nitamin com diferentes fungicidas no florescimento na cultura da soja. Guarapuava – PR (Pacentchuk&Sandini, 2016).

 

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