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Quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Quem é o vilão no plantio de soja?

O Brasil vive a expectativa de ter mais uma safra recorde de produção de grãos. A primeira estimativa da Conab para a temporada de soja 2020/21, é de 133,5 milhões de toneladas, 7% a mais que a safra 2019/20. O otimismo é de uma melhor produtividade, que pode chegar a 58,8 sc/ha em média.

Mas, para esses números se confirmarem é preciso que os produtores sejam ainda mais eficientes, principalmente no plantio. Segundo o saudoso professor doutor Dirceu Gassen, autor da famosa frase “a produtividade é o conhecimento acumulado por hectare", uma falha de semente por metro linear pode gerar perdas de até 400 kg/ha de soja.

Pela primeira vez serão revelados os segredos sobre a distribuição espaçada de sementes de soja, propriedade intelectual envolvida nesse processo e qual o País vai plantar cada vez melhor soja e superar os concorrentes, preparados?

Mas afinal, quem, é o vilão na distribuição de sementes de soja em dosadores pneumáticos? Condutor de sementes? Diâmetro do disco? Ou a rotação do disco? Segura um pouquinho aí, daqui a pouco voltamos a esse tema!

O que fazer quando você se dedica a um projeto por quatro anos e dá tudo errado? Em 2017, a J.Assy lançou o Selenium, o primeiro dosador pneumático, e após ótimos resultados na safrinha com milho, tivemos grandes desafios no plantio da soja, basicamente em função do sistema de tração adotado nas plantadeiras.

Nos debruçamos sobre o tema: o que afeta a distribuição das sementes de soja em dosadores pneumáticos? Equipados com filmadoras de 240 frames por segundo (hoje já temos de 1.000), data loggers, adaptadores pneumáticos, seguimos para o campo. Poeira pouca é bobagem e seguimos rumo a Mato Grosso do Sul.

A primeira constatação surpreendente: a maioria dos erros na distribuição das sementes de soja ocorre por ocasião da soltura delas feita pelo disco, isso mesmo, no momento do corte do vácuo. O furo do disco e a dinâmica da semente nesse momento crucial são os vilões... ou os heróis.

Voltamos para o laboratório, e trabalhamos no simulador indoor, uma pista exclusiva de 12 metros de comprimento, onde um carrinho elétrico puxa uma linha de plantio, e as sementes caem na graxa. Dá para analisar cada etapa da queda da semente, em detalhes. Os dias passavam sem perceber, a ansiedade alta, sabíamos que algo significativo e que poderia trazer ganhos de produtividade para a soja brasileira estava para ser revelado.

Comparamos diversos dosadores pneumáticos do mercado e percebemos que havia muito espaço para melhorias. Chegamos a uma descoberta simples, mas surpreendente. Existe um formato ideal e uma dinâmica ideal do disco que minimizam os erros. Nascia em 2018 o SojaFlow. Melhor distribuição espaçada de soja do mercado. Tecnologia brasileira para o mundo.

Como proteger essa propriedade intelectual?

Tínhamos inovação tecnológica, mas de uma simplicidade impressionante, o que poderia ser um problema. Após reuniões com equipes de patentes do Brasil e dos Estados Unidos chegamos a um texto forte e pertinente: mais uma propriedade intelectual brasileira protegida no mundo. Mas, afinal, quem é o vilão na distribuição de sementes de soja em dosadores pneumáticos?

Concluímos que existe uma correlação entre tamanho e velocidade tangencial do disco e ainda número e formato dos furos que minimizam a relevância do condutor de sementes e até da velocidade de plantio!

Discos girando em baixas rotações, ao contrário do que se imagina atualmente, podem ser desastrosos para a distribuição espaçada de sementes de soja. Os condutores, desde que projetados e alinhados com a dinâmica do dosador, o que não é simples, não são os vilões dessa novela, para plantios em velocidade que as condições de solo permitirem.

Notamos também a importância do grafite na distribuição espaçada de sementes de soja, ele ajuda-a a não se atrasar naquele momento crucial, quando se solta do disco. Recomendação importante, e que vale para qualquer dosador. Vale a pena adicionar bastante precisão na agricultura de precisão.

A pesquisa agronômica destaca a importância da distribuição espaçada de sementes na produtividade da soja. O agricultor brasileiro viabilizou o plantio direto e a safrinha, e vai continuar a ser o grande protagonista, é ele quem tira as empresas das zonas de conforto. Usando grafite e as melhores tecnologias em dosagem disponíveis no mercado brasileiro, não existem mais vilões no plantio de soja, o agricultor brasileiro tem todas as ferramentas para ter a melhor a distribuição espaçada de sementes de soja do mundo.

Desvendamos também os segredos do plantio de canola, para o mercado canadense, mas isso é tema para um próximo assunto.

Zé Roberto Assy - Engenheiro agrônomo, fundador da J.Assy e Consultor em Agronegócio 

 

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