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Sexta-feira, 29 de maio de 2020

Pecuária de leite: monitorar a saúde das vacas em período de transição é fundamental para o sucesso da lactação

Workshop online da Allflex reuniu especialistas do setor para debater a nova era da pecuária leiteira e como prevenir os problemas mais comuns que comprometem a atividade com ajuda da tecnologia

Um dos desafios na pecuária de leite é o período de transição das vacas, pois é quando a maior parte dos problemas metabólicos e infecciosos ocorre. Apesar de uma queda normal do consumo de matéria seca pelo animal acontecer nos dias que antecedem o parto, uma redução acentuada desse consumo e consequentemente da ruminação, pode ser um indicativo de que algo não vai bem e faz com que o produtor acenda o sinal de alerta. Mas, como saber se a vaca está ingerindo alimento adequadamente e como este fator interfere diretamente na produção e saúde do rebanho? Este foi um dos assuntos abordados durante o workshop online promovido pela Allflex, líder mundial em identificação e monitoramento animal, que teve como tema central “O uso de recursos de inteligência animal e o impacto na saúde”.

Para o professor doutor do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP), Francisco Palma Rennó, a condição da vaca no período de transição pode determinar o futuro da lactação e o monitoramento animal acaba se tornando um aliado, pois, com a tecnologia, é possível identificar como está o tempo de consumo de alimentos, a ruminação e, em consequência, o bem-estar e a saúde das vacas.

“Acredito que o consumo de matéria seca é a variável mais importante para monitorar a saúde das vacas. Isso porque sabemos que uma vaca com consumo alto de alimento no pré e pós-parto é um animal saudável. A tecnologia do monitoramento nos permite ter uma ideia sobre esses dados, de forma individual, a partir da ruminação. Se algo não vai bem e há queda de ruminação, o sistema ‘avisa’ com antecedência para que o produtor possa intervir o mais rápido possível, se necessário com tratamento precoce. É aliar o nosso conhecimento técnico com tecnologia, ganhando tempo nas operações. Assim, melhoramos o bem-estar animal, a resposta aos tratamentos e, em contrapartida, retornamos o animal à posição original: saudável”, explicou.

Segundo o pesquisador, o adequado é que uma vaca saudável passe cerca de 550-600 minutos/dia ruminando. Ele ainda fez uma análise da evolução dos potenciais de produção ao longo da história e de que forma explorar o potencial genético das vacas. Por meio de gráficos sinalizou que um bom tempo de consumo e ruminação no pré-parto não são fatores decisivos para um bom desempenho no pós-parto.

“O sonho de qualquer produtor é que haja um alto consumo no pré e no pós-parto. Mas, se isso não ocorrer, o sistema de monitoramento pode indicar com precisão a hora de intervir”, relatou.

Na prática, sistema de monitoramento otimiza a atividade leiteira

Com um rebanho da raça Girolando de 700 vacas em pasto irrigado e outros 80 animais em sistema de free stall, o médico-veterinário e produtor de leite, José Renato Chiari, falou sobre os desafios da gestão da propriedade leiteira, além de como a tecnologia para monitorar seu rebanho se tornou uma aliada no manejo diário.

Ele adotou a tecnologia na propriedade há oito anos e os primeiros colares de monitoramento foram para um grupo de 75 vacas com o intuito de melhorar os índices de reprodução. Hoje, a maior parte do rebanho é monitorada, além de ter o sistema completo integrado com a sala de ordenha. “Atualmente, conseguimos dados completos desde saúde e bem-estar dos animais, bem como a quantidade de leite produzido animal/dia. O sistema nos ajudou demais a termos melhor controle de gestão sobre o tempo de ordenha diário, quanto tempo leva para ordenhar determinado animal, além de termos informações precisas até mesmo sobre um escorregamento de teteira”, relatou.

O produtor salientou que, ao adotar o sistema de monitoramento, a ferramenta também permitiu que as equipes de trabalho fossem aprimoradas. “Toda vez que você muda alguma rotina no procedimento ou alguém da equipe, é possível monitorar, em tempo real, o que esta acontecendo na sala de ordenha. Com isso, melhoramos também os nossos treinamentos para os funcionários, direcionando a uma necessidade especifica”, afirmou.

O encontro online também teve a participação de Anna Luiza Belli, médica-veterinária formada pela Escola de Veterinária da UFMG e pós-graduada pela mesma instituição em zootecnia, na área de produção animal e coordenadora de território em Monitoramento da Allflex Brasil. Sob o tema “Um olhar proativo para a saúde das vacas”, a especialista mostrou como a internet das coisas está presente nas fazendas de leite e é uma ferramenta para otimizar a saúde das vacas com precisão.

“Um exemplo é que, muitas vezes, os produtores apenas olhando o rebanho, acreditam que os animais parecem estar bem, deitados, sem estresse térmico. No entanto, com o sistema de monitoramento é possível ter essa informação de forma precisa e interferir se necessário”, salientou.

O evento contou ainda com a participação do gerente de monitoramento da Allflex para América Latina, Luciano Lobo e a mediação de Marcelo Carvalho, fundador e CEO da AgriPoint.

O conteúdo completo do workshop pode ser acessado em: https://www.youtube.com/watch?v=pZ6UGL0FZrw&feature=emb_title

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