Quarta-feira, 27 de junho de 2018

Depois de La Niña, é a vez da neutralidade

Em Guarapuava e no Paraná, o clima se mostrou, no início de 2018, no mínimo estranho: em janeiro, chuva acima da média. De fevereiro para março, a estiagem deu lugar a fortes precipitações localizadas. Em maio, a variação extrema foi na temperatura, com calor de verão na primeira quinzena e frio próximo a zero graus na segunda.

Mas agora estamos no inverno, iniciado às 7h07 do último dia 21 de junho. Às vésperas da semeadura de culturas como a do trigo, o que esperar? Uma mudança favorável ou a mesma situação? De acordo com o meteorologista Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o produtor rural não deve se surpreender, porém a resposta é – em parte – a segunda opção.

Em uma palestra realizada pelas empresas de seguro Sancor e Promissor, dia 17 de maio, no Sindicato Rural, com o tema “Perspectivas climáticas”, ele explicou que os fenômenos El Niño e La Niña correspondem respectivamente ao aquecimento e ao resfriamento das águas do Oceano Pacífico. Conforme contextualizou, embora nos outros oceanos, como no Atlântico, que banha toda a costa brasileira, a temperatura também oscile, o Pacífico, por ser a maior massa de água do planeta, tem uma influência ainda maior, com suas alterações se refletindo em todo o globo. Lazinski observou que entre 2017 e 2018, o mundo foi influenciado por um La Niña de fraca intensidade. Números do clima no Paraná registrados pelo IAPAR, analisou, exemplificam o típico efeito desta situação: no primeiro mês do ano, uma região ao sul de Palotina registrou de 50 mm a 100 mm de chuva. Na mesma época, a pouca distância, Paranavaí e Umuarama, ficaram entre 400 mm e 450 mm. Em fevereiro, enquanto uma região entre Pato Branco e União da Vitória teve de 0 a 50 mm, Foz do Iguaçu registrou de 300 a 350 mm.

Ainda conforme relatou o meteorologista, o La Niña está terminando e ainda não há tendência de formação de um El Niño, o que estabelece um período chamado de neutralidade, que em sua avaliação deve se estender até o próximo verão. Este quadro, no entanto, como destacou, não significaria um clima neutro ou normal, mas oscilações entre tempo muito chuvoso e muito seco. As temperaturas tenderiam também a variar entre extremos de calor e frio. Ao final do evento, a REVISTA DO PRODUTOR RURAL conversou mais uma vez com Lazinski, para saber o prognóstico do clima especificamente para o centro-sul do Paraná.

Renato Lazinski (INMET)

“No nosso inverno e o início da primavera, vamos estar numa situação que chamamos de neutralidade climática. Nem El Niño, nem La Niña. Vamos continuar com essas chuvas bastante irregulares: períodos curtos em que chove muito e períodos maiores em que não chove. O que importa para a agricultura da região? Seriam as geadas tardias. Não é que não vá acontecer, mas a chance de que venham a acontecer geadas tardias a partir da segunda quinzena de setembro é muito pequena. Até meados de setembro, temos chances de geada. Normalmente a colheita, principalmente das culturas de inverno, ocorrem numa época chuvosa. Neste ano, a tendência é que não chova tanto quanto nos anos anteriores. Vamos ter chuva, mas ela deve ficar abaixo da média, deve chover um pouco menos”.

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